sábado, 19 de setembro de 2009

Pseudolália - Doença da mentira

A Pseudolalia é uma mentira compulsiva resultante dum longo vício de mentir. A pessoa mente por mentir, perde a noção do que é verdade ou não, convence-se das mentiras como puras verdades.

A pseudolalia pode conduzir a graves distúrbios de personalidade, podendo o pseudolálico acabar por perder a sua individuação e viver num real criado imaginariamente, comportando-se duma forma difícil de contacto humano e só com tratamentos profundos poderá melhorar.

As pessoas perdem lenta e gradualmente a consciência da gravidade da doença que vão adquirindo, porque a sua realidade vai perdendo cada vez mais sintonia com o verdadeiro real. Por fim o vício de mentir é um acto inconsciente e perante a mais simples situação a fuga à verdade brota espontânea e como uma repetição compulsiva e criação de verdades inexistentes.


Mentirosos compulsivos

Há quem diga mentiras caridosas.

Há quem minta por vício.

Há quem diga meias verdades.

E também há quem diga sempre a verdade.

Existem, além destas, um outro tipo de mentiras: as provenientes do chamado mentiroso compulsivo, que mente sistematicamente e aparentemente sem razão.

Aqui estamos já a lidar com alguém para quem a mentira assume contornos de dependência, tal como o álcool ou a droga.

A mentira torna-se um vício, já que é dita de forma compulsiva, ou seja, o mentiroso tem consciência que está a mentir mas não consegue controlar esse impulso.

Fonte: Blog Corpo e Mente


O vício compulsivo de mentir é a fuga da realidade

Por Nilbe Shlishia - Agência Unipress Internacional

A pseudolalia é uma doença grave. Trata-se do vício compulsivo de mentir. Segundo psiquiatras e psicólogos, a prática freqüente de viver uma situação imaginária pode ser o resultado de uma profunda insegurança emocional, além de traumas de infância. A atitude funciona como um mecanismo de autodefesa para pessoas que apresentam um quadro de carência acentuada.

Estudos comprovam que crianças vítimas de uma educação julgadora, imposições, disciplinas rígidas, e que por vezes vivem dominadas com autoritarismo, são fortes candidatas à doença.

Pesquisas também demonstram que uma pessoa que carrega o vício de mentir por não conseguir se controlar, tornando-se semelhante a quem tem o vício do jogo ou é dependente de drogas ou álcool.

Visão de quem entende

Na opinião da Dra. Leila Cury, Livre Docente, que já tratou vários casos de pseudolalia, a compulsão pela mentira é uma distorção.

"Existem pessoas que chegam ao ponto de não saber mais o que é verdade. Embora o assunto seja mais voltado para a criança, há muitos adultos vivendo o problema, o que torna a situação ainda mais grave", disse a médica.

Segundo a dra. Leila, é muito mais fácil trabalhar o problema na infância do que na fase adulta.

Quando a mentira vira uma doença

Por MARCIA CEZIMBRA - Agência Globo

Para que mentir? A pergunta que Noel Rosa e Vadico transformaram em canção aflige tanto pais de pequenos mentirosos quanto a mulher que surpreende o marido com desculpas esfarrapadas. Para que mente o menino que insiste em contar aos pais e amigos façanhas inverossímeis? O psicanalista Wilson Chebabi afirma que as crianças mentem porque desejam dar aos seus pais a versão que, supostamente, estes gostariam de ouvir.

"Estes pais precisam se examinar para verificar se não estão impondo aos filhos os seus desejos e se interessando pouco pelos desejos dos filhos. O colapso da atividade de brincar é o que agrava a intensidade da mentira. Se, ao invés de mentir, a criança tem a chance de brincar, pode chegar bem perto da satisfação de seus desejos. Hoje, cada vez mais, a adolescência é uma extensão da infância, sem as possibilidades de satisfação desta, na brincadeira. No casamento, a mentira se dá dentro do mesmo processo: ambos tentam ser o que gratifica o outro para que o outro também se sinta gratificado".

Há mentiras que indicam crises de auto-estima. O psiquiatra infantil Alfredo Castro Neto atende crianças de classe média que estudam em colégios de luxo e mentem por questão de status. "Estas crianças se sentem socialmente humilhadas. A mentira, para elas, é uma defesa". Já o adolescente mente para se proteger de pais invasores ou repressores. A menor R.B., de 17 anos, por exemplo, diz que vai dormir na casa da amiga, mas dorme com o namorado. "Se eu disser a verdade, não poderei sair de casa", justifica-se.

O psicanalista Alberto Goldin vê a mentira do adulto como necessidade, às vezes compulsiva, de obter lucro ou prazer. "Há duas espécies de mentira: a que prejudica alguém é diferente da mentira social. A mentira compulsiva é uma doença, mas a verdade compulsiva também é. Não se pode falar a verdade o tempo todo. Por isto, é difícil julgar mentirosos quando se trata da relação amorosa. Mentir, evidentemente, não é o melhor modo de se relacionar. Mas, às vezes, é a única opção. Os contratos humanos expressam a força e também a fragilidade da condição humana".

O mentiroso compulsivo, para Wilson Chebabi, só deixa de mentir quando aceita sua própria precariedade. "O problema mais grave na mentira é social. A sociedade mantém convenções que são incompatíveis com a condição humana. O sujeito mente porque não suporta o conflito penoso e irremediável entre seus desejos e a frustração imposta pela realidade. Numa sociedade menos hipócrita, este conflito entre o desejo e a realidade permaneceria, mas seria melhor administrado". A resposta à pergunta de Noel Rosa talvez seja simples: o sujeito mente para tornar a realidade menos frustrante.

Fonte: Blog Absurdos & Polêmicos

7 comentários:

jessica disse...

Sofri muito com essa doença, por anos, é muito difícil ter que lidar com esse problema e ter que lidar com todos os julgamentos sociais que decorrem dela.

Achei a matéria boa, porém as ilustrações são de péssimo gosto, como sempre, estereotipam os doentes com imagens vexatórias. Gostaria que repensassem isso. Pra mim é muito constrangedor procurar informações sobre minha doença e ter que me deparar com essas imagens, é humilhante. E acontece em todos os artigos sobre esta doença.

Carzem disse...

Jessica, obrigado pelo seu comentário! Fico feliz que tenha encontrado a coragem de lidar com seu problema decorrente da Pseudolália!
Como você pode perceber a matéria foi copiada (mantendo a fonte, sempre!)... e de onde ela foi tirada também foram tiradas as ilustrações, que, para mim, são apenas isso: ilustrações! Sinto muito se te constrangem...

Rosinha disse...

Jéssica, sofro com esta doença a anos, hj vejo q desde a adolescencia só q agora descobri que é uma doença. O q vc fez para se tratar? como vc fez, onde procurou ? Talvez q tivesse tido essa consciencia antes não teria perdido nem magoado tanta gente. eu tive até um filho fruto de uma relação q foi feita atraves de mentiras e mentiras , mas até hj sofro com isso. O q vc fez ou faz? Help.

tathyana disse...

Olá, meu nome é Tathyana, tenho 33 anos e tenho alguma dessas tres síndromes da mentira faz muitos anos e pela primeira vez me conscientizei da doença e da necessidade de tratar disso. Pesquisei na Internet e de uma certa forma me alivia um bocado saber que algumas pessoas tem a doença e principalmente que tem cura.
Enfim, o blog, apesar do péssimo gosto das imagens me fez saber um pouco mais da minha doença e o apoio muito dolorido do meu marido que teve que conviver com minha doença a mais de 20 anos fez com que eu tivesse vontade de me tratar, de amadurecer finalmente. Obrigada pelo excelente conteúdo. Quem tiver a sorte de ter o apoio da família é fundamental nessas horas.

Paula Bueno disse...

Olá, estou fazendo uma matéria sobre a pseudolália, para uma revista feminina, e gostaria de saber se alguém topa dar um depoimento sobre essa doença.

jessica disse...

Fui eu quem fiz o primeiro comentário... Depois de anos consegui amenizar o problema, mas não acabar com ele...
Ainda sinto sim vontade de mentir, ainda sinto prazer em criar outras realidades, mas vou como bêbado, um dia de cada vez, estou colocando o racional pra agir no lugar do impulso, este ano não criei histórias fantasiosas pra ninguém, mas tive que me afastar de muitas pessoas pra conseguir isso. Também me ajudou o esforço em falar de minha vida pra alguém (consegui através da internet), nunca tinha tido coragem de falar de mim mesma, de minha realidade e meus problemas, quando consegui passar essa barreira e me sentir mais aceita como sou, diminuiu minha necessidade de mentir.
Eu não segui tratamento com psicólogo (um pouco por vergonha), mas passei em psiquiatra pra tratar minha ansiedade e depressão, mas nunca tive coragem de falar sobre a pseudolália lá, mas sei que me ajudou.

jessica disse...

Eu que fiz o primeiro comentário.
Não sei se consegui me livrar inteiramente da doença, ainda sinto vontade de mentir, prazer em criar outras realidades, mas estou tentando colocar sempre o racional pra funcionar antes do impulso (tô fazendo como tratamento de A.A, um dia de cada vez), este ano não criei nenhum tipo de história, como eu sempre criava, mas pra isso, tive que me afastar de muita gente que eu amava pra não continuar a inércia das mentiras antigas, decidi começar novamente as amizades, e isso foi muito duro, o que me ajudou tb a parar de mentir, foi ultrapassar uma barreira enorme que eu tinha para falar de minha própria vida, de meus problemas (inclusive a pseudolália), no momento em que as pessoas começaram a me aceitar como eu sou, e não como eu invento, comecei a me sentir aceita com mais vontade de continuar nesse caminho, mas foi muito difícil dar este passo.
Não passo com psicólogo pq não consigo falar muito disso, passava com psiquiatra e me tratei de depressão e ansiedade, mas não tive coragem de falar sobre a pseudolália, mas o tratamento de TAG e depressão me ajudou muito a encarar a doença.