terça-feira, 18 de maio de 2010

Produto mineiro inédito recicla óleo na cozinha

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Reciclador de óleo de cozinha criado por empresa mineira evita a poluição do meio ambiente e produz sabão para consumo doméstico
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Um dos maiores vilões do lixo doméstico, o óleo de cozinha já tem um destino ecologicamente correto que, além de evitar o descarte inadequado e a poluição do meio-ambiente, pode gerar economia para as famílias. Trata-se do “Reciclador de óleo de cozinha”, criado pela empresa mineira Reciprátik. O aparelho não apenas armazena os resíduos, como transforma o óleo em sabão biodegradável que pode ser usado para lavar pratos e roupas.

Rômulo Carmo, diretor da Reciprátik, conta que a ideia de criar o aparelho surgiu durante um final de semana com os amigos, quando resolveram cozinhar uma prosaica canjica com costela de porco. “Depois que o prato ficou pronto, vi toda aquela gordura e imaginei onde poderia descartar o lixo. A sugestão de jogar no ralo me incomodou e, além disso, não havia nenhuma outra alternativa razoável. Colocar numa garrafa e levar de volta para casa parecia muito trabalhoso e pouco eficaz, porque o destino final seria mesmo o lixo comum”, diz o empresário.

A partir daí, ele começou a pesquisar o que era feito com o óleo de cozinha. Em casa, descobriu que sua empregada, orgulhosa de sua escolha, jogava os restos de frituras na privada, para “não entupir o encanamento da cozinha”. E os poucos amigos que não despejavam o lixo ralo abaixo, juntavam várias garrafinhas para levar a postos de coleta seletiva. “Percebi uma oportunidade de negócio e busquei parcerias para viabilizar minha ideia”, resume.

Carmo foi buscar na Universidade Federal de Juiz de Fora, em Minas Gerais, o apoio necessário para criar a Reciprátik, em 2008. A empresa, que recebeu ainda incentivos da Finep e da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig), desenvolveu a versão residencial do reciclador com a parceria de pesquisadores da Universidade.

O processo de reciclagem do óleo e de fabricação do sabão é muito simples. Para cada meio litro de óleo, são produzidos cerca de 650 gramas de sabão, o que equivale a pouco mais de quatro barras das vendidas em supermercados. Ao óleo, basta adicionar água quente e soda cáustica; a saponificação, ou seja, a produção do sabão, é feita pelo processo químico resultantes da mistura dos ingredientes. O produto, garante o empresário, é totalmente biodegradável e já foi devidamente testado por órgãos competentes, como Procon e Anvisa.

Para garantir que a qualidade do sabão agradasse às donas de casa, Carmo diz que foram feitos vários testes até que fosse criada a receita ideal, capaz de fazer espuma e tirar a sujeira. Além do tipo mais simples, o Reciclador permite criar sabões de diferentes formatos e cheiros, com o uso de outros produtos, incluindo até mesmo amaciantes de roupas. “Junto com o aparelho, entregamos um kit de fôrmas e receitas para que as pessoas possam criar seu próprio sabão”. O pedido de patente foi feito há pouco mais de um ano e inclui órgãos nacionais e internacionais de propriedade intelectual. “Fizemos uma ampla pesquisa e não encontramos nada parecido no mundo”, conta Carmo.

Custo do aparelho deve ficar entre R$ 30 e R$ 40

A Reciprátik procura agora um parceiro para a produção e distribuição do reciclador. A seu favor, a empresa mineira conta com pesquisas de mercado que revelaram o interesse de potenciais compradores pela inovação. Para as classes C e D, o reciclador representa uma forma de economizar na compra de sabão. Já as classes A e B vêem no produto uma forma simples de contribuir para a preservação do meio ambiente. Os estudos também calcularam o preço médio da invenção que, fabricada em escala, poderia chegar a um preço final entre R$ 30 e R$ 40.

Para Ernesto Cavasin, gerente de sustentabilidade da PriceWaterhouseCoopers, um dos grandes desafios para a reciclagem do óleo de cozinha é justamente a logística, já que o volume produzido nas residências é muito baixo para justificar um sistema de coleta especial. “A falta de uma destinação correta para este resíduo acaba pesando no bolso do próprio consumidor, que paga pelo custo do tratamento do esgoto em sua conta de água”, observa.

Enquanto busca parceiros para fabricar o Reciclador, a Reciprátik já desenvolve novos produtos na linha de reciclagem doméstica. Além do modelo comercial do reciclador para bares e restaurantes, a empresa está trabalhando para lançar, em breve, mais um aparelho. Carmo não revela detalhes, mas diz que a novidade segue a estratégia de resolver o problema do lixo doméstico dentro de casa. “Nosso objetivo é desenvolver um portfólio de aparelhos que permitam tratar boa parte dos resíduos domésticos sem sair de casa”.
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