sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Tiros e Traições: é assim que se faz política em Goiás (vídeo)

O que será que levou Marconi Perillo, candidato do PSDB de Serra ao governo do Estado de Goiás, e o senador do DEM, Demóstenes Torres, candidato á reeleição, subirem no mesmo palanque nestas eleições e pedirem votos um para o outro?

Demóstenes Torres foi Secretário de Segurança Pública em um dos governos de Perillo e se davam muito bem.

Mas foi nas eleições de 2006 que Marconi disse o que pensava sobre Demóstes: “Considero Demóstenes Torres uma pessoa inconfiável e desprovido de caráter. É traidor, leviano, tem uma mente doentia e é capaz de qualquer coisa para atingir seus objetivos”.

Por seu lado, Demóstenes Torres disse estar convencido que uma ordem de atentado a tiros que sofreu partiu do Gabinete Militar de Marconi Perillo.

Contou que no dia seguinte Marconi ligou para prestar solidariedade á ele e deixou um telefone de contato, caso ele precisasse de auxílio. E segundo Demóstenes, o número de telefone usado pelo major Capinam (um dos braços direitos de Marconi), foi o mesmo que apareceu na quebra do sigilo telefônico do suspeito, cabo Capinam, sobrinho do Major Capinam. E Demóstenes disse sobre Perillo: “Marconi é um ditador. Ele tem medo da ascensão de outros políticos no estado”.

Há 4 anos atrás, Demóstenes Torres, em um de seus programas eleitorais – Marconi Perillo e Demóstenes Torres eram candidatos, assim como são hoje -, gravou em vídeo a denúncia contra o governador Marconi Perillo para ser levada ao eleitor goiano com o objetivo de que este soubesse quem era de fato Marconi Perillo e pensasse bem antes de votar.

Marconi Perillo recorreu á justiça e tentou proibir que o vídeo fosse divulgado.

Entretanto, o Tribunal Superior Eleitoral ordenou sua exibição, por entender que a censura prévia fere a Contituição - “e o direito do cidadão de saber o que realmente acontece em Goiás”.

Veja o vídeo, que encontramos no site da Tesla Propaganda:
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Pata assitir clique AQUI

O vídeo cita a revista Carta Capital, que divulgou nacionalmente a denúncia de Demóstenes contra Perillo, em sua edição de 6 de Setembro daquele ano. Mas foi no blog de Paulo Henrique Amorim, Conversa Afiada, que encontramos o texto sugerido, e que transcrevemos abaixo:

” TIROS E TRAIÇÕES

Carta Capital: segurança de Perillo acusado de participar de atentado – contra Demostenes Torres

“A um mês das eleições, aparecem documentos a ligar segurança do tucano Perillo a atentado contra senador do PF – L Por Sergio Lirio

O cambaleante desempenho de Geraldo Alckmin na disputa presidencial tem provocado fissuras cada vez mais profundas na aliança entre tucanos, pefelistas e adjacentes. No Ceará e no Distrito Federal, relata Leandro Fortes a partir da página 23, as relações descambaram para a traição mútua e a troca de desaforos em público. Na Bahia, Pernambuco, Sergipe, Maranhão, Alagoas e Piauí, a cúpula da campanha de Alckmin tem sido obrigada a mandar forças-tarefa para estancar a debandada de prefeitos rumo à candidatura de Lula. Mas nada se compara à animosidade em Goiás, estado no qual PSDB e PFL compartilharam o poder na última década.

O centro da desavença é o inquérito policial 147, atualmente conduzido pelo delegado Juraci Pereira, da Polícia Civil de Goiás. Trata-se da investigação de um atentado contra o senador do PFL Demóstenes Torres. Na madrugada de 7 de agosto de 2004, um homem disparou contra a casa do senador, localizada em um bairro nobre de Goiânia. Em seguida, de acordo com vizinhos que presenciaram os disparos, o atirador fugiu em um carro vermelho. Uma das hipóteses levantadas à época era de tentativa de intimidação praticada por bandidos comuns. Torres é promotor de carreira e foi secretário estadual de Segurança.

O rumo das investigações mudou no fim de agosto de 2005 e agora, às vésperas das eleições, corre o risco de virar uma peça de ataque ao tucano Marconi Perillo, que deixou o cargo de governador para disputar uma vaga ao Senado. Antes dos fatos, um breve relato da situação política em Goiás. Torres e Perillo foram, no passado recente, aliados fraternos. O primeiro ocupou a Secretaria de Segurança durante o mandato do segundo. Em 2002, com o apoio de Perillo, Torres elegeu-se senador com 1,3 milhão de votos. A aliança era tão forte que o pefelista, nos comícios, dizia-se disposto a trocar seu sobrenome para Perillo.

Disputas locais de poder, não totalmente esclarecidas, provocaram o rompimento.

Nas eleições atuais, o pefelista disputa o governo do estado. Está em terceiro lugar, com 7,9% das intenções de voto, segundo levantamento do Instituto Serpes feito na segunda-feira 28. O líder é Maguito Vilela, do PMDB, com 46,8%. Perillo tem 76,7% na corrida ao Senado e apóia Alcides Rodrigues, do PP, segundo colocado nas pesquisas para governador, com 23,7%. Torres e Perillo fazem campanha para Geraldo Alckmin, que desembarca em Goiânia na segunda-feira 4 de setembro.

De volta ao inquérito. Em 22 de agosto do ano passado, pouco mais de 12 meses após o atentado, a presidiária Ozenir Pereira Soares apontou o suposto autor dos disparos contra a casa do senador Demóstenes Torres. De acordo com ela, que está presa por falsificação, o atirador foi um primo seu, o cabo da PM Marcelo Capinam. A testemunha relatou que, na noite do incidente, estava com o policial em um bar de Goiânia. Após receber um telefonema, o cabo lhe teria pedido emprestado o carro, um Fiat Tipo de cor vinho, para ir à casa de uma nova namorada. Ozenir diz ter se recusado a emprestar o automóvel, mas concordado em levar Capinam. Outro homem, que ela concluiu também ser PM, juntou-se aos dois e assumiu a direção. A mulher ficou no banco de trás. Diante da casa, contou Ozenir, o primo desceu do Fiat e disparou os tiros.

A presidiária disse ter sabido que a casa pertencia ao senador Demóstenes Torres ao ver o noticiário da tevê no dia seguinte. Pediu satisfações ao primo e foi aconselhada a “esquecer a operação”. Segundo ela, Marcelo Capinam afirmou ter recebido 10 mil reais para dar os tiros e que receberia 100 mil reais “se fosse necessário matar”. O contratante do serviço teria sido um “político pica grossa” do estado. No fim do depoimento, Ozenir acusou o policial de participar do assassinato de dois moradores da cidade de Aparecida de Goiânia, um deles menor de idade. O crime é atribuído a PMs.

Cinco autoridades de Goiás acompanharam o depoimento da presa em agosto de 2005. CartaCapital conseguiu falar com três delas. Edemundo Dias de Oliveira Filho, atual secretário estadual de Justiça, afirma não se lembrar de detalhes das afirmações e garante que, após aquele dia, não acompanhou o desenrolar do inquérito. O tenente-coronel José da Rocha Coelho, corregedor da Polícia Militar, a quem Ozenir Soares teria procurado para oferecer a denúncia, recusou-se a responder perguntas por telefone. O promotor Fernando Braga Viggiano diz que, à época, ficou mais interessado no trecho das declarações em que a testemunha detalhava a participação de Marcelo Capinam no assassinato em Aparecida de Goiânia. Viggiano afirma, porém, que o Ministério Público não conseguiu provar a veracidade das acusações. “Como nada do que ela apontou no caso dos homicídios foi constatado, passamos a desconfiar de todo o teor do depoimento”, diz. Os PMs apontados como autores dos homicídios, entre eles o cabo Marcelo Capinam, foram absolvidos em primeira instância.

As apurações continuaram e esbarraram no componente político explosivo que agora paira sobre as eleições em Goiás. No depoimento, Ozenir Soares forneceu o número do celular usado pelo cabo Marcelo Capinam. A quebra do sigilo telefônico detectou chamadas para outro número registrado como sendo do Gabinete Militar do Governo do Estado de Goiás. Os telefonemas foram dados dez minutos depois dos disparos contra a casa de Demóstenes Torres. O titular do gabinete militar, à época, era o major Walter Capinam, tio do cabo Marcelo e um dos homens de confiança do então governador Marconi Perillo. Em abril deste ano, o major recebeu a Medalha do Guardião por “relevantes serviços prestados ao estado de Goiás”. Hoje está na reserva.

A quebra do sigilo telefônico levou a outras conexões entre os PMs da família Capinam. A investigação detectou uma triangulação entre o celular do cabo Marcelo, telefones do Gabinete Militar e linhas em nome do funcionário público Reginaldo Vieira Silva. O que chama a atenção é o fato de Silva, dois meses antes do atentado, ter registrado queixa na polícia por causa do furto de seus documentos. Em depoimento, o funcionário público diz ter recebido, em seguida ao roubo, ligações das operadoras Brasil Telecom e Claro solicitando a confirmação de habilitação de celulares. Ele garantiu nunca ter pedido as habilitações e nunca ter usado os telefones.

Silva recebe salário de cerca de 500 reais. Foram detectadas, porém, contas de celulares em seu nome no valor de até 4 mil reais. As despesas foram pagas em dinheiro e em agências lotéricas, o que impediu a identificação do pagador. A última conta data de dezembro de 2004.

CartaCapital procurou o delegado Juraci Pereira, mas ele se recusou a prestar declarações sob o argumento de que o processo corre em segredo de Justiça. Jônathas Silva, secretário estadual de Segurança entre março de 2002 e março de 2006, afirma que o depoimento de Ozenir e o cruzamento da quebra dos sigilos telefônicos não constam dos autos do processo. Mistério. Silva não soube apontar quem quebrou o sigilo do policial ou onde os dados foram parar. Segundo o ex-secretário, outro PM, que estava próximo à casa do senador no momento dos tiros, chegou a ser investigado pela Corregedoria da Polícia Militar. “O inquérito não terminou. Posso garantir, enquanto estive lá, que as investigações foram conduzidas de forma impessoal e transparente”, afirma Silva.

Demóstenes Torres diz estar convencido de que a ordem dos tiros partiu do Gabinete Militar de Marconi Perillo. Para reforçar a acusação, ele conta que, no dia seguinte ao atentado, o então governador ligou para prestar solidariedade e deixou um telefone de contato, caso ele precisasse de auxílio. O número, diz Torres, usado pelo major Capinam, é o mesmo que aparece na quebra do sigilo telefônico do cabo Capinam. “Não tenho dúvidas de que as coisas aconteceram como relatou a testemunha”, diz.

Os motivos? Segundo o senador, as desavenças com Perillo eram eminentemente políticas, mas ao longo do tempo ganharam traços pessoais. “Ele é um ditador, tem medo da ascensão de outros políticos no estado”, ataca. O pefelista dá como exemplo a visita de Alckmin a Goiás. “Estou proibido de receber o ex-governador, que é o meu candidato à Presidência. Não posso nem olhar para ele.” E diz estranhar o fato de até hoje o cabo Capinam não ter sido ouvido no inquérito que apura o incidente.

Perillo atribuiu ao “desespero” de Torres, mal colocado nas pesquisas, o aparecimento da “denúncia” um mês antes das eleições. “Não tenho perdido tempo com o Demóstenes Torres. Considero-o inconfiável e desprovido de caráter. É traidor, leviano, tem uma mente doentia e é capaz de qualquer coisa para atingir seus objetivos”, responde. “É uma tentativa mesquinha, ordinária, de me desqualificar. Para ele, não basta afundar sozinho. O senador arcará com as conseqüências legais de seus atos.”

O ex-governador afirma que determinou a apuração “com rigor” dos fatos, mas diz não ter detalhes do andamento do inquérito. Também relata ter garantido segurança para o senador depois do atentado. “O Demóstenes foi meu secretário de Segurança por três anos e quatro meses e conhece a minha postura. Nunca solicitei ou determinei interferência em qualquer inquérito.” Quanto a dividir o palanque, no dia da visita de Alckmin, Perillo ironiza: “Ele pode até ir, mas não será bom para ele. A não ser que goste de vaias”.

Os Capinam, tio e sobrinho, não foram localizados. Um integrante da equipe de segurança de Perillo forneceu à reportagem um número de telefone que pertenceria ao major. O mesmo segurança informou à reportagem que havia falado com o ex-assessor do candidato tucano minutos antes no tal número. O homem que atendeu a ligação negou, porém, tratar-se de Walter Capinam.

Vingança? Sabotagem? Golpe baixo? O fato é que o aparecimento de uma nova frente de batalha entre tucanos e pefelistas só tende a prejudicar a abalada campanha de Alckmin. Talvez o ódio pessoal entre Torres e Perillo seja um elemento a explicar o desempenho de Lula em Goiás. Mesmo sem um palanque forte no estado, o candidato à reeleição soma 42% das intenções de votos. Alckmin tem 31%.”

Comentário do Blog: Apesar de tudo e de muito mais, há 4 anos atrás o povo goiano elegeu tanto Marconi Perillo quanto Demóstes Torres. Hoje, 4 anos depois, ambos erguem juntos e num mesmo palanque a bandeira tucana de José Sera, e a da garantia de segurança pública – e têm como favas contadas que o povo goiano vai depositar nas urnas os votos que precisam para se elegerem novamente – e com sobras.

Demóstenes Torres afirma que “não tolera bandidos”.

Marconi Perillo promete ao povo que, se for eleito governador, vai criar uma tropa para defender as fronteiras do Estado para impedir que a droga entre em Goiás – fato que nenhum país do mundo jamais conseguiu até hoje, ainda que possuidor de aviões teleguiados, radares, satélites e exércitos.

Mas marconi é Marconi – o mesmo que prometeu e trouxe para Goiás o Trem-Bala, o Metrô de Superfície, os 245 mil botijões de gás, as 245 mil moradias…

O país inteiro aguarda os resultados das eleições em Goias.
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Vera L. Silva


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