HONESTIDADE
O ser humano desde que tomou consciência de que a vida na Terra é curta e tão limitada passou a construir modelos de perpetuação da sua presença, da sua imagem, seja através da importância da prole, seja pelos rituais que buscavam preservar sua presença mesmo após a morte. Um reparo que devo fazer de logo: não estou falando de uma perspectiva religiosa, e sim de olhar histórico, antropológico e sociológico.
.
.
Assim, me preocupa bastante quando vimos a derrocada em nosso país de conceitos basilares construídos ao longo da caminhada da humanidade. Por exemplo, o conceito de honestidade, que está sendo posto em xeque quando autoridades e pessoas que deveriam ser referências éticas se comportam de maneira desonesta, e por único desejo: o de enriquecer a qualquer custo.
.
.
Poderia falar de outros conceitos e valores, mas até por questão de espaço, tratarei somente da honestidade. Segundo o dicionarista Houaiss ser honesto é ser honrado, digno, é agir com seriedade, ter comportamento irrepreensível. A capacidade de ser honesto há de ser aprendida, pois se tratando de valor e partindo da premissa que nascemos sem qualquer noção de valores é através da aprendizagem e da educação que vamos incorporar os valores que a sociedade exige.
.
.
O processo de aprendizagem que começa na família, na igreja (se religiosa for), no círculo dos amigos, na escola, no trabalho, enfim, durante toda a caminhada de uma pessoa. Ultimamente, as pessoas parecem andar na direção oposta. Como são valorizadas as ações dos espertos (sic) que usam a desonestidade como arma para conseguir o que desejam, não importando as marcas que produzirão para a sua própria família, para a sociedade e para o futuro da humanidade numa perspectiva de preservação da própria raça humana.
.
.
A sociedade já encurralada pela violência, pela dificuldade em sobreviver honestamente do seu trabalho (quando encontra) se depara com o show de desonestidade de autoridades que deveriam ser o ponto de equilíbrio, o referencial para que todos pudessem continuar lutando e acreditando no futuro, na possibilidade de mudanças.
.
.
O vale tudo estabelecido por quem deveria impedir o desmando, a ilegalidade, o abuso, do ponto de vista da aprendizagem destrói a crença de que o mundo não está perdido. Coloca-nos em crise existencial e social. Perdemos os paradigmas. Perdemos o norte. Reaprender a ser honesto. Resgatar a honestidade como forma de salvar as relações sociais, sob pena de nada mais fazer sentido, nada mais ter valor algum.
.
.
A honestidade é o ponto de partida. É o início de uma caminhada, ou seria uma re-caminhada? Nunca será o ponto de chegada. Que tal começar hoje cedo? Em casa, com sua família. No trabalho, com seus colegas. Na rua, com o primeiro ser humano que cruzar.
Fonte: Site Cinform
HUMOR
REFLEXÃO
"Se em algum momento de sua vida você pensar em deixar de ser honesto... Vá pelo seguinte caminho e diga: Agora vou ser honesto só de sacanagem... para irritar esta cambada de almas corrompidas, e pronto!!!"
.
Carlos Fernando Rosa Caramuru
A ESCALA DA HONESTIDADE
Escrever sobre a honestidade não traz nenhuma dificuldade do ponto de vista do seu significado. Contudo, escrever sobre a escala da honestidade, este sim, exige quase uma mágica e mirabolante explicação que encontram raízes na cultura brasileira, identificado como o “jeitinho brasileiro”.
A alta safra de exemplos que colocam em risco a convivência ética entre os brasileiros, inspira-me a arriscar essa abordagem.
O cinismo tem reinado de forma surpreendente, a hipocrisia tem sido feroz concorrente.
E a desonestidade?
Ah!! Essa, sim, lidera o pódio, nesse campeonato implacável e voraz.
A mim parece quanto mais penso que o incentivo à supremacia dos valores da “esperteza”, do “tirar vantagem” de tudo é perfeitamente detectável pela fragilidade em homens e mulheres que não lhes permitem ser suficientemente corajosos para se manterem honestos e imunes à Síndrome do Medo de Serem Taxados de Idiotas (SMTI).
Considerando esse quadro, nada mais oportuno do que “elastecer” o conceito de honestidade para julgar, em certos casos, pejorativamente, alguém como Muito Honesto e excluí-lo do “mundo dos espertos” ou, abrandando o julgamento, classificá-lo como Mais ou Menos Honesto ou Pouco Honesto. Observem que esta gradação tem um sentido implícito de exclusão (se muito honesto) de adaptação (se mais ou menos honesto) e de inclusão (se pouco honesto).
Mas o que vem a ser a Escala da Desonestidade?
Arrisco a conceituá-la como uma métrica classificatória de níveis de honestidade: Muito Honesto, Mais ou Menos Honesto, Pouco Honesto.
Soou estranho ao leitor?
À primeira vista “Muito Honesto” parece ser uma redundância da honestidade, contudo, não se trata disto. Significa, no contexto brasileiro, identificar alguém que sofre da Síndrome da Honestidade Inconveniente (SHI). Em outras palavras, quem é afetado por essa “enfermidade”, será radicalmente afastado, isolado, como se tivesse contraído uma doença com capacidade de contagiar os Mais ou Menos Honestos. Nesse caso, a qualidade de ser Muito Honesto tem a conotação de exclusão.
E o Mais ou Menos Honesto? Ah!, essa situação é mais complicada mas não indecifrável. Em primeiro lugar, o Mais ou Menos Honesto está enquadrado na Síndrome de Honestidade Oscilante (SHO). Os sintomas desta peculiar disfunção manifestam-se em comportamentos ora desonestos, ora honestos, o que significa que alguém acometido dessa síndrome pode vir a se sentir plenamente à vontade para praticar atos ilícitos e num outro momento, ser afetado por crises de consciência e até arrepender-se. O detentor da Síndrome de Honestidade Oscilante (SHO) não sofrerá a exclusão total, mas estará sob permanente vigilância, afinal a “banda” honesta é ameaçadora.
Falemos agora do Pouco Honesto.
Considerando os outros níveis, este está a um passo da desonestidade, portanto, tem um perfil quase perfeito para a inclusão no ambiente das improbidades gerais. Neste caso, há raríssimos sintomas de consciência honesta. Diria que aquele que se encontra nesse estágio tem fortes possibilidades de passar para o lado da “Desonestidade. Esse nível, na escala da honestidade, pode ser classificado como a Síndrome da Tendência à Desonestidade (DTD).
Creio que essas significações têm um quê de intencionalidade enrustida e de extrema sutileza. Não é um simples emprego de advérbio com grau de intensidade. É, na essência, uma mirabolante e ardilosa manobra para abrandar aos olhos da sociedade, o cenário de proliferação galopante da desonestidade, ou opção inconsciente por mecanismos adaptativos ao caos moral, no qual a sociedade sobrevive. Pelo sim ou pelo não, o certo é que temos enfrentado um momento singular, no qual empregar conceitos e definições, torna-se cada vez mais complicado, exigindo de nós, a utilização de lingüística mirabolante, adaptando-a, muitas vezes,aos interesses contextuais desprezíveis.
Nenhum comentário:
Postar um comentário