segunda-feira, 29 de junho de 2009

Pesquisa: cada parlamentar custa R$ 10,2 milhões por ano



O custo do parlamentar brasileiro, na esfera federal, estadual ou municipal é ainda muito mais alto do que os milhões de reais gastos com salários e benefícios. A má qualidade do trabalho legislativo se transforma em um custo irrecuperável. Levantamento recente da ONG Transparência Brasil indicou que cada deputado e senador consome em média R$ 10,2 milhões por ano dos cofres públicos, enquanto na Europa mais Canadá essa média é de R$ 2,4 milhões. Perdemos apenas para os Estados Unidos, o país mais rico do mundo, onde cada congressista custa em média R$ 15,3 milhões ao ano. Entre outros fatores, a falta de controle e avaliação do trabalho legislativo acabam por gerar corrupção, por exemplo. Tese adotada também pelo diretor-executivo da Transparência Brasil, Cláudio Abramo.

"Ao longo dos anos não foram tomadas providências para o combate à corrupção. Fala-se muito em Comissões Parlamentares de Inquérito, mas essas CPIs não trouxeram medidas concretas para coibir os desvios de conduta dos nossos parlamentares", enfatiza Abramo.

Para ele, o Congresso tem agido de uma forma que acaba facilitando os crimes.

"É o caso do projeto que trata do pagamento de precatórios, em tramitação no Senado. A proposta é cheia de defeitos e abre brechas para desvios. Se aprovada, a lei vai colocar uma arma na mão de prefeitos e governadores para achacarem gente", reclama o presidente da Transparência Brasil.

O texto autoriza Estados e municípios decidirem sobre o volume de precatórios a serem pagos.

"Não existem dados sobre a situação dos precatórios para subsidiar a discussão no Senado, que, por sua vez, também não se preocupa em buscá-los", acrescenta Abramo.

A discussão superficial de um tema relevante quanto o pagamento de precatórios é um sinal de baixa qualidade dos legisladores.

"Isso é reflexo do nosso Congresso: irresponsabilidade na condução de assuntos sérios. Os parlamentares se preocupam mais com leis desvinculadas da realidade do que com temas relevantes. Isso dá um pouco o sinal de quão baixa é a qualidade do Legislativo brasileiro", constata Abramo.

O escândalo que já dura meio ano, envolvendo o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), também pode ser tomado co-mo um sintoma da doença que acomete o Congresso.

"Como o Senado suportou que o presidente da Casa ficasse meses no cargo, sob forte acusação de irregularidades, mas mandando e desmandando nos processos em que ele mesmo era investigado?", sublinha o diretor-executivo da entidade.

Ao citar o Congresso como base da má qualidade da produção dos legisladores, Abramo não exime assembléias estaduais e as câmaras de vereadores.

"É muito comum os deputados estaduais se ocuparem de homenagens e deixam de atacar problemas concretos, como a corrupção", diz Abramo. "Parece ser muito pouco o que fazem as assembléias legislativas se examinar-mos em termos absolutos."

O presidente da União Nacional dos Legislativos Estaduais (Unale) e deputado estadual pelo PMDB do Rio Grande do Sul, Alexandre Postal, ressalta que o parlamento hoje é o reflexo da sociedade.

"Quem chega lá, chega por meio da sociedade, que é o retrato de cada Estado", afirma. Postal é taxativo: "Achar o Congresso caro é dizer que o melhor é não ter democracia."

Fonte: Blog Cabeça de Cuia

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